terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Traçando o caminho do cigarro; de sensual a mortal

Cada executivo levantou sua mão direita e jurou, solenemente, dizer toda a verdade sobre seu negócio. Em depoimentos seqüenciais, cada um declarou que não acreditava que o tabaco era um negócio saudável e que sua empresa não tomou ações para manipular os níveis de nicotina em seus cigarros.

Trinta anos depois do famoso relatório cirúrgico declarando que fumar cigarros era um perigo para a saúde, pareceu que os executivos do tabaco estavam entre os poucos que acreditavam o contrário.

Mas nem sempre foi assim. Allan M. Brandt, um historiador médico de Harvard, insiste que reconhecer os perigos do cigarro resultaram de um processo intelectual que demorou grande parte do século 20. Ele descreve essa história fascinante em seu novo livro, “O Século do Cigarro: A Ascensão, Queda e Persistência Mortal do Produto que Definiu a América”.

Em contraste ao símbolo de morte e doença que é hoje, do começo do século passado até os anos 60 o cigarro era um ícone cultural de sofisticação, glamour e apelo sexual – um bem caro para cada um de dois americanos.

Muitas campanhas publicitárias desde os anos 30 até o fim dos anos 50 enalteciam as virtudes saudáveis dos cigarros. Propagandas coloridas de revistas descreviam médicos vestidos com casacos brancos acendendo ou tragando alegremente, com slogans como “Mais médicos fumam Camel do que qualquer outro cigarro”.

No começo do século 20, opositores do cigarro adotaram um tom moral, ao invés de consciente, especialmente para mulheres que queriam fumar, embora muitos dos médicos estivessem preocupados que fumar era um perigo à saúde.

Os anos 30 foram um período quando muitos americanos começaram a fumar e a maioria dos efeitos de saúde significativos ainda não haviam se desenvolvido. Como resultado, os estudos científicos da época muitas vezes falharam em encontrar evidências claras de patologias sérias e tiveram o efeito perverso de exonerar o cigarro.

Os anos depois da segunda guerra mundial foram um período de progresso em pensamentos epidemiológicos. Em 1947, Richard Doll e A. Bradford Hill, do Conselho Britânico de Pesquisa Médica criaram uma sofisticada técnica estatística para documentar a associação entre os crescentes aumentos de câncer de pulmão e o aumento do número de fumantes.

O cirurgião proeminente Evarts A. Graham e o estudante de medicina, Ernst L. Wynder, publicaram um artigo que foi um marco em 1950, comparando a incidência de câncer de pulmão nos pacientes fumantes e não fumantes no Barnes Hospital, em St. Louis. Eles concluíram que “fumar cigarro, por um longo período, é pelo menos um importante fator no impressionante aumento em câncer de pulmão”.

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